segunda-feira, 8 de março de 2010

Oscar ontem!!!!!

O Dia Internacional da Mulher começou com uma conquista histórica. Pela primeira vez, uma cineasta ganhou os Oscar de melhor filme e de melhor direção: com ‘Guerra ao Terror’, a americana Kathryn Bigelow, 58 anos, derrotou o ex-marido, James Cameron, realizador do bilionário ‘Avatar’.

O Oscar alterou a fórmula em sua 82ª cerimônia: foram 10 indicados à estatueta de melhor filme (antes eram cinco), dois mestres-de-cerimônias (Alec Baldwyn e Steve Martin), nenhuma música (a apresentação das canções indicadas foi eliminada da festa). Até o anúncio dos vencedores mudou: saiu a frase “And the Oscar goes to…” (“E o Oscar vai para…”), voltou “And the winner is…” (“E o vencedor é…). Se o formato arriscou-se na inovação, a premiação não guardou muitos imprevistos: o Oscar confirmou Avatar e Guerra ao Terror como os grandes vencedores da noite, os favoritos Christoph Waltz (Bastardos Inglórios) e Mo’Nique (Preciosa) levaram seus merecidos prêmios como melhores coadjuvantes, Jeff Bridges (Coração Louco) foi o melhor ator, Sandra Bullock (Um Sonho Possível) foi a melhor atriz.

Guerra ao Terror ficou com seis Oscar, incluindo melhor filme, direção e roteiro adaptado, enquanto Avatar levou três estatuetas. A grande surpresa foi mesmo a escolha do argentino ‘O Segredo dos seus Olhos’ como melhor filme estrangeiro, derrotando o favorito, o alemão ‘A Fita Branca’ – a mistura de drama com thriller político rendeu o segundo Oscar à Argentina, único país sul-americano já premiado nessa categoria. Em seu agradecimento, o diretor Juan José Campanella se solidarizou com o país vizinho assolado por um terremoto:

– Aos irmãos do Chile!

Mesmo com uma dupla de divertidos apresentadores conduzindo o evento, o Oscar 2010 foi morno. O programa não engrenou o ritmo, por conta em parte do excesso de clipes com cenas dos candidatos à estatueta de melhor filme. Em poucos momentos a monotonia e a previsibilidade da cerimônia foram quebrados – caso da bela homenagem ao diretor John Hughes (1950 – 2008), realizador de filmes adolescentes dos anos 1980 como ‘Curtindo a Vida Adoidado’, com a presença dos ex-astros juvenis Macaulay Culkin, Molly Ringwald e Judd Nelson, entre outros. Os depoimentos de cineastas consagrados falando sobre seus primeiros curtas – as premiações nessas categorias sempre correm o risco de serem cortadas da festa –, a celebração aos filmes de horror com cenas de clássicos do gênero e o ator Ben Stiller caracterizado no palco como um Na’vi, raça alienígena de Avatar, foram ilhas isoladas de vivacidade em uma premiação convencional e um tanto soporífera.

Se a ideia era agilizar a transmissão, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood cortou errado. Tirar os números musicais com os concorrentes a melhor canção e deixar de fora da festa as homenagens a veteranos do cinema – neste ano, a atriz Lauren Bacall, o cineasta Roger Corman e o diretor de fotografia Gordon Willis receberam seus prêmios antes – contribui para esfriar a noite. Ainda entre os equívocos da premiação, a atriz Farrah Fawcett, morta em junho passado aos 62 anos vítima de câncer, foi esquecida na tradicional parte que lembra as personalidades do cinema mortas recentemente.

Sem grandes sobressaltos no horizonte, a maior expectativa do Oscar era saber quem venceria a batalha entre Avatar e Guerra ao Terror. No duelo entre o show de efeitos especiais em 3D de James Cameron e o tenso thriller sobre o cotidiano das tropas americanas no Iraque dirigido por Kathryn Bigelow, o filme de guerra venceu a parada. A disputa tinha ares de briga doméstica: Cameron e Kathryn já foram casados. Em plena eleição no Iraque conflagrado por atentados e violência, a premiação de Guerra ao Terror expressa a preocupação da indústria do cinema americano com a intervenção dos Estados Unidos em países do Oriente Médio.

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